Focalização

Focalização

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Regressão a Vidas Passadas



Entrevista a Brian Weiss, o psiquiatra que defende a eficácia da terapia de regressão a vidas passadas
O que leva um reputado psiquiatra a arriscar o seu futuro profissional? Uma descoberta. Catherine sofria de ataques de pânico, fobias e pesadelos e era acompanhada por Brian Weiss há um ano. Sem sucesso.

O então director do serviço de Psiquiatria do Mount Sinai Hospital decidiu recorrer à hipnose e, graças a esta técnica, a paciente viria a conseguir recordar memórias infantis traumáticas. Mas não só: o médico conta que, quando lhe pediu para regredir até a origem da sua dor, Catherine, ao longo de várias sessões, descreveu-lhe detalhadamente vidas passadas. Os sintomas foram desaparecendo.

Este caso ocorreu há mais de 20 anos. Desde então, Brian Weiss foi criticado e aplaudido. Escreveu inúmeros livros sobre a terapia de regressão a vidas passadas, deu palestras por todo o mundo e dezenas de entrevistas, entre as quais a Oprah Winfrey. Numa das suas mais recentes visitas a Portugal, conversámos com ele.

Em 2008, Oprah Winfrey dedicou um programa ao seu trabalho, no qual o famoso Dr. Oz se submeteu a uma sessão de regressão. Como foi essa experiência?

Era suposto ser um só programa sobre fobias mas acabaram por ser dois, porque havia muitos pacientes no estúdio. O Dr. Oz não tinha nenhuma fobia, apenas quis experimentar. Foi incrível. É um ser humano muito espiritual, assim como Oprah. Há uns anos, era mais inibida em relação a estes temas, mas tem-se tornado um modelo na divulgação de conceitos ligados à espiritualidade e de nomes como o de Eckhart Tolle.

Assume que, há cerca de duas décadas, quando escreveu o seu primeiro livro, teve receio da reacção dos seus colegas. Como é que se libertou desse medo?

A certa altura, senti que era a atitude certa. Só comecei a escrever «Muitas Vidas, Muitos Mestres» três ou quatro anos depois de ter conhecido Catherine devido ao receio que tinha de que isso afectasse a minha reputação. Houve uma reacção negativa por parte da comunidade médica. Alguns psiquiatras apoiaram-me, outros quiseram que a minha licença fosse revogada. Não funcionou. Tinham-se esquecido do que é a ciência na sua essência: ter uma mente aberta para podermos aprender coisas novas.
Explique-nos as diferenças e ligações entre hipnose, regressão e regressão a vidas passadas.

A hipnose é uma técnica que consiste em relaxar o corpo enquanto a mente está focada. É um estado de concentração descontraído em que a memória está mais activa. Todos os dias somos hipnotizados: quando vemos um filme e não ouvimos a pessoa ao lado a comer pipocas; quando estamos a conduzir e a nossa mente vagueia; quando lemos um livro e não ouvimos o trânsito.

Existem ainda equívocos em torno da hipnose?

Há ideia de que podemos ficar «presos» a esse estado. Isso seria como ir ver «O Gladiador» ao cinema e ficar «preso» no tempo da Roma Antiga. Trata-se apenas de concentração e podemos sair dela em qualquer altura. Há também a noção errada que perdemos o controlo e que o terapeuta nos pode levar a fazer algo que não queremos.

Voltando à ligação entre hipnose e regressão…

Se lhe disser «feche os olhos, respire profundamente, relaxe os músculos», isso é um estado leve de hipnose. Mas posso dizer «quero que se lembre do que comeu ontem». Nesse caso, iria recordar o cheiro, o sabor, a textura de forma muito mais intensa do que se o fizesse agora, que se encontra de olhos abertos e num estado normal da consciência. Depois, podia regredir ainda mais no tempo até à sua infância. Isso é usar a hipnose para regredir no tempo. Quando falamos em regressão a vidas passadas não paramos na infância: vamos até vidas passadas.

Como funciona?

Da mesma maneira que funciona a psicoterapia tradicional: a cura acontece através da lembrança da origem do trauma. A pessoa recorda-se de um evento traumático ou não, algumas vezes com emoção (catarse), e isso tem um efeito libertador. Um psicoterapeuta freudiano diz «vamos até à sua infância descobrir de onde vem o medo que tem da água» e a pessoa lembra-se do dia em que ficou presa a uma onda e o sintoma desaparece. A técnica na terapia de regressão a vidas passadas é a mesma, exceptuando que talvez na vida passada a pessoa afogou-se. Portanto, é muito semelhante à que Freud ou Jung usavam, em que as pessoas estavam deitadas num sofá, num estado leve de hipnose e depois faziam associações mentais livres.

Quais as diferenças?

Intervenho mais e a pessoa apercebe-se que viveu noutro tempo, com outro corpo, nome, mas a mesma alma. Não só o sintoma melhora, como o medo da morte se transforma. Os valores também: «Quando morri não levei a conta bancária, levei o que aprendi, a forma como tratei as pessoas».

Os cépticos podem dizer que são memórias falsas, fruto de «armadilhas do cérebro» ou da imaginação. Como se pode ter a certeza da veracidade da experiência?

Por um lado, ao nível do efeito terapêutico, o facto da vida passada ser ou não real não importa: o que importa é que o sintoma, a vida do paciente melhora, que é uma técnica terapêutica que permite eliminar fobias, perturbações psicossomáticas, tratar a depressão... Mas num segundo nível, existem provas: pessoas que falam línguas estrangeiras que nunca aprenderam; outras contam pormenores históricos que desconheciam antes da regressão. Tive pacientes que tinham memórias da II Guerra Mundial, do número e nome das chapas de identificação de soldados, depois investigaram e confirmaram esses dados. Milhares de casos foram validados.

Está estudada a sua taxa de sucesso?

Existem provas baseadas em relatos e um vasto número de terapeutas praticam-na, mas muitos jornais psiquiátricos ainda não publicam artigos científicos sobre o tema. Funciona quase como um círculo vicioso: não publicam porque dizem que não há bibliografia sobre o assunto, mas esta não existe porque não publicam e então temos de escrever livros para divulgarmos o trabalho desenvolvido. Tal como em qualquer terapia, a taxa de sucesso varia em função do problema. Nas fobias é muito elevada, mas nos casos de doença bipolar é muito mais baixa, porque está em causa uma patologia com uma componente biológica muito forte.

Em que ponto está a investigação em torno desta terapia?

Já há algumas publicações académicas que se dedicam ao tema da regressão a vidas passadas, assim como há organizações de terapeutas nesta área que estão a começar a publicar o seu trabalho e cada vez mais terapeutas que se estão a associar a estas organizações.

Psiquiatras?

Psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas de saúde mental. Alguns são mais rigorosos outros mais abertos. Existe a International Association for Regression Research & Therapies (www.iarrt.org), uma organização complexa com um departamento para profissionais e outro para não-profissionais.

Acredita que será possível um dia validar cientificamente a terapia de regressão a vidas passadas?

Depende do que entende por «científico». Não sei se alguma vez teremos um «teste de ADN» para isto, mas acredito que «científico» em termos clínicos, tal como se avaliam outras psicoterapias, sim.

E, por exemplo, a avaliação das reacções cerebrais? Nunca a realizou durante as suas sessões?

No livro The Universe In a Single Atom, o Dalai Lama fala sobre esse tipo de pesquisa aplicado aos efeitos da meditação ao nível do funcionamento cerebral, com recurso a imagem por ressonância magnética, electroencefalograma, e sobre o facto de muitas pessoas meditarem e de isso alterar as funções fisiológicas. Mas ao nível da regressão a vidas passadas é um pouco mais complicado.

Porquê?

Se durante a meditação a mente está «quieta», durante a regressão todos os sistemas – visual, auditivo, olfactivo – estão activos, o cérebro está em polvorosa. Portanto, os exames irão apenas mostrar um cérebro activo e revelar onde a actividade está a acontecer, mas isso não será suficientemente específico para se poder dizer que é uma vida passada. Se me lembrar de um piquenique que vivi aos cinco anos o tipo de actividade cerebral é idêntico.

É uma terapia segura?

É, se for realizada por um bom terapeuta que deve ser escolhido tal como seleccionamos outros especialistas (pedindo referências a pessoas que conhecemos, a outros especialistas, verificando as credenciais). O terapeuta consegue controlar o nível de emoções. A pessoa pode flutuar e visualizar de cima ou à distância, como se estivesse a assistir a um filme, ou então aproximar-se.

Em média, quantas sessões terapêuticas são necessárias?

Depende do sintoma. Se for uma simples fobia bastam uma a três sessões. Mas também depende do paciente: há pessoas que entram num estado profundo de concentração imediatamente e há outras que precisam de algumas sessões para ganhar confiança, para se libertarem do hemisfério esquerdo do cérebro, da sua necessidade de controlo.

Nota diferenças entre homens e mulheres, na forma como reagem à terapia?

Apenas uma: 75 por cento das pessoas que entram no meu consultório são mulheres. Têm uma mente mais aberta a temas como espiritualidade, estão familiarizadas com a intuição. Sabem muito mais sobre emoções, vivenciam os laços de forma intensa.

Ainda prescreve medicamentos aos seus pacientes?

Sim. Teillard de Chardin dizia que «não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos seres espirituais a viver uma experiência humana». Eu acredito nisso e, portanto, aqui estamos nós em corpos físicos que, por vezes, precisam de fármacos. Muitas depressões têm uma raiz biológica. Se a pessoa se sente tão deprimida que não consegue reagir, dormir ou concentrar-se não vai ser bem sucedida ao fazer a regressão. Mas se eu prescrever um antidepressivo, irá concentrar-se e sentir-se melhor e aí poderemos combinar a terapia da regressão e o fármaco, em doses e períodos menores. É a chamada medicina complementar. Os resultados são mais positivos.

Os estudos revelam uma relação entre a mente, o corpo e o espírito?

A pesquisa demonstra uma forte ligação entre a mente e o corpo. É a chamada mind-body connection ou psiconeuroimunologia. Sabemos que, por exemplo, o medo, o stress e a ansiedade conseguem deprimir as funções do sistema imunitário, assim como o facto de nos libertarmos deles o ajuda a combater doenças como o cancro ou infecções. O espírito é a ligação ao imortal. Pessoas que meditam, praticam ioga podem lá chegar, assim como através da oração, da contemplação, até do amor. A parte espiritual é um estado de compaixão que se aplica a toda a humanidade, não implica necessariamente uma relação pessoal.

Refere-se à noção de se pertencer a algo maior do que nós?

Sem dúvida. Acredito que existe uma energia que une todas as pessoas, animais, plantas. É uma energia comum e todos somos compostos por ela.

António Damásio, neurocientista, diz que «a emoção e os sentimentos constituem a base daquilo que os seres humanos têm descrito, desde há milénios, como alma ou espírito humano». Concorda?

Essa afirmação pode ser interpretada de várias formas. No livro, «O dia em que a minha vida mudou», a neurocientista Jill Bolte Taylor descreve o episódio em que teve um AVC no hemisfério esquerdo do cérebro (a área das associações de palavras). Estava a viver uma experiência espiritual fantástica enquanto não conseguia comunicar. Ela refere-se ao hemisfério direito como a sede da intuição, da criatividade e das emoções e penso que o que acontece, à maioria de nós, é que o funcionamento do hemisfério esquerdo bloqueia algumas funções do hemisfério direito. É através deste que comunicamos com a intuição, com o nosso lado espiritual, com a alma.

Como a descreve?

É a parte imortal do ser. A nossa consciência continua. Se reside no cérebro ou não isso não interessa, mas penso que essa ligação é feita através do hemisfério direito, tal como Jill Bolte Taylor descreve. Duvido que as emoções sejam o mesmo que a alma. A alma é um estado de amor incondicional…

E, assim sendo, as emoções seriam as manifestações da alma operadas pelo cérebro?

Apenas se se exprimem através de bondade, compaixão. Se estivermos a falar de raiva ou medo não estamos a falar de alma, mas de obstruções à alma. Quando nos conseguimos libertar das emoções negativas, debaixo delas encontra-se a alma. É um estado que está para além das emoções, é muito maior do que elas.

Texto: Nazaré Tocha com Brian Weiss (psiquiatra)
Foto: Artur

A responsabilidade editorial desta informação é da revista
SaberViver (Portugal)

domingo, 3 de julho de 2011

Visões do futuro


Brian Weiss, pioneiro na terapia de vidas passadas, fala agora de viagens a séculos à frente.
Rita Moraes

Há 24 anos, ele enfrentou a comunidade acadêmica ao dizer que seus pacientes relatavam vivências de outras vidas. Psiquiatra formado pela Columbia University e pela Yale Medical School, nos Estados Unidos, disseminou o método de terapia de vidas passadas em todo o mundo, escreveu livros e virou best-seller com Muitas vidas, muitos mestres, de 1992. Esta semana, em sua quarta visita ao Brasil, onde já vendeu mais de um milhão de livros, Brian Weiss, 61 anos, lançou Muitas vidas, uma só alma (Edit. Sextante, 208 págs., R$ 19,90), título no qual defende outra controvérsia – a possibilidade de ir ao futuro. Ele provoca: “Os físicos falam sobre universos paralelos. O século XXII pode estar acontecendo agora, assim como o XVII. Por que não seria possível?”

ISTOÉ – Há ainda resistências contra a terapia de vidas passadas (TVP).
Qual a reação à idéia de ir ao futuro?
Brian Weiss – Psiquiatras e acadêmicos que rejeitam a idéia não a conhecem. Digo a eles: tentem. Há pacientes que impressionam pelos detalhes. Alguns falam línguas que desconhecem. Nos EUA, um terço das pessoas acredita em reencarnação. No Brasil, pelo menos 50% da população também crê. O futuro é estudado pela física quântica. Os físicos falam sobre universos paralelos. Fiz uma pesquisa com pessoas que têm sonhos precognitivos e que tiveram experiências de quase morte. Os sonhos sobre acidentes ou doenças as ajudam a se prevenir e a tentar mudar o futuro. Se há quem sonhe com o futuro, por que as pessoas sob hipnose não poderiam vê-lo?

ISTOÉ – E as teorias de Carl Jung (psiquiatra suíço, 1875-1961) sobre a existência de inconsciente coletivo?
Weiss – As lembranças são muito específicas. Não falam de um grupo de pessoas, mas do sofrimento físico, de doenças e ferimentos, e das emoções, alegrias e tristezas, de uma em especial.

ISTOÉ – Como se dá a progressão?
Weiss – A técnica é a mesma da regressão. Coloco a pessoa num estado profundo de relaxamento, sob hipnose.

ISTOÉ – Em seu livro, o sr. fala de três situações futuras: daqui a 100/200 anos, que mostra um mundo populoso, muita poluição e aquecimento global; outra, entre 300 e 600 anos, de um mundo semidestruído, e outra, paradisíaca, daqui
a mil anos. Não seriam apenas reflexos do desejo e crenças das pessoas?
Weiss – Faço pesquisa com grupos de pessoas que foram levadas para determinados anos, 2150, 2500 e 3000, e há consenso sobre o que vêem. Sete mil já participaram. Por que tantos dão a mesma informação? E essas pessoas se sentem mais felizes, melhoram sua saúde e seus relacionamentos e tomam decisões mais acertadas. Como médico e terapeuta, é o que me interessa.

ISTOÉ – Há pesquisas que indicam que na TVP, a parte do cérebro ativada é a que se refere a memórias, e não à elaboração, o que seria uma “prova”
de veracidade. E na progressão, como uma pessoa pode relatar uma vivência
que ainda não teve?
Weiss – Podemos ter memórias do futuro, porque o tempo pode não existir do jeito que pensamos. Talvez o passado e o futuro sejam paralelos, simultâneos. O século XXII pode estar acontecendo agora, assim como o XVII.

ISTOÉ – Todas as pessoas podem fazer esse tipo de terapia? Crianças, adolescentes, deprimidos?
Weiss – Sim. Adolescentes regridem facilmente e crianças mais ainda. O importante é que o terapeuta tenha boa experiência e integre as memórias ao tratamento. Não basta ter a lembrança para se curar. Se o deprimido não consegue se concentrar, deve tomar medicamentos e tentar. A maioria dos sintomas físicos ou mentais melhoram. É muito seguro.

ISTOÉ – Nessas terapias, mães, pais e irmãos aparecem em outras vidas como maridos e namorados. As pessoas lidam bem com isso?
Weiss – Reconhecer pessoas no passado ou no futuro é muito comum. Nós trocamos de corpo, de país, de religião para aprender sobre todos os lados. É
o propósito da vida. O que sentimos é amor, não há nada de incestuoso, de
negativo. As pessoas estão conectadas, viajam juntas para aprender.

ISTOÉ – Qual o intervalo entre vidas?
Weiss – Pode ser de uma semana ou de um século, depende da necessidade. Pessoas que morrem violentamente costumam voltar logo porque as lições continuam lá. Eu morri em 1942 ou 1943 na Tchecoslováquia e nasci em 1944.
Na Suécia, um médico pesquisou pessoas que na regressão se viram como vítimas na Segunda Guerra. Elas lembraram de nomes e números tatuados em seus braços que bateram com os registros de guerra. Quando me viu, ele me disse, chocado: “Eu morri com você.” Ele me reconheceu.

ISTOÉ – Por que esquecemos das vidas passadas?
Weiss – Várias culturas acreditam que esquecer é uma forma de proteção. Acho que cada vida é um novo teste para saber se o aprendizado já faz parte de nossa natureza, se está no coração e não só na mente. A Terra é a escola, onde temos que aprender a não-violência, a compaixão, a paciência, a amorosidade.

ISTOÉ – Podemos acertar numa vida e errar numa posterior?
Weiss – Temos o livre-arbítrio e o destino, os dois coexistem. O destino é o plano para uma existência, mas o livre-arbítrio lhe permite escolher o que quer fazer. Por exemplo, há planos de você viver com uma pessoa, você decide não cumpri-los. Pode ter uma vida produtiva, mas, se naquele compromisso falhou, procurará outra oportunidade para cumpri-lo. O importante é que nunca morremos e progredimos sempre.

FONTE:ISTOÉ
http://www.istoe.com.br/reportagens/15310_VISOES+DO+FUTURO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

sábado, 2 de julho de 2011

Reencontrando o passado


Em busca de cura para dores físicas ou superação de traumas, brasileiros recorrem à Terapia de Vidas anteriores

DOR DE GARGANTA E OBSESSÃO PELA BELEZA
Já tinha procurado todo tipo de tratamento para resolver minhas crises de garganta. Cheguei a ser internada e tomei vários antibióticos, mas nada resolvia. Então, optei pela regressão. Descobri que fui uma prostituta obcecada pela beleza e alimentei uma disputa com a dona do bordel, que colocou veneno no meu vinho. Foi assim que eu morri. Depois do tratamento, deixei de me preocupar tanto com a minha aparência e as dores de garganta desapareceram.
T.C., 25 anos

A Terapia de Vidas Passadas (TVP) sempre foi vista com ceticismo por psicólogos e psiquiatras, além de ser condenada por espíritas, que consideram um erro trazer o passado de volta. Ainda assim, o interesse pelo tratamento, que transita na fronteira entre a crença e a ciência, tem aumentado no Brasil e os institutos e sociedades especializadas capacitam cada vez mais psicólogos no polêmico método terapêutico. Quem o procura são pessoas que não conseguem curar uma dor física com a ajuda da medicina tradicional ou superar um trauma com as terapias da psicologia convencional.

Muitas delas não tiveram um episódio na vida que justificasse pânico de água, pavor de lugares fechados ou multidão, ou ainda uma experiência negativa que determinasse dificuldade de estabelecer relacionamentos. Outras conviviam com dores inexplicáveis no corpo. A resposta para esses males só apareceu depois de uma regressão ao que seria uma vida anterior. “Tinha muito medo de mergulhar e procurei a TVP para entender o motivo. Foi quando descobri que morri afogado depois que o mar invadiu minha casa”, conta o paulista Paulo Minoru Minazaki Júnior, 33 anos, que hoje se sente à vontade na água. Na TVP, o indivíduo entra num processo de transe hipnótico superficial e estabelece contato com imagens e sons fora da consciência. Supostamente viaja mentalmente ao passado, onde confronta sua própria personalidade, obtém novas informações sobre o seu caráter, vivências e experiências e o mais importante: uma explicação de por que repete determinados padrões de comportamento.

MEDO DE RELACIONAMENTOS AMOROSOS
Aos 28 anos, eu nunca tinha namorado ninguém. Sempre que o relacionamento começava a dar certo, eu inventava um motivo para terminar. Procurei várias terapias convencionais, mas nada me ajudou a entender o motivo. Após a regressão às vidas passadas, descobri que tinha medo de me comprometer porque fiquei viúva nas últimas cinco vidas, poucos anos após o casamento. Precisei de algumas sessões de terapia para me recuperar e esquecer aquele passado. Hoje, sou muito bem resolvida e vivo as relações sem medo. O que passou, passou”.
Vera Barroso, 40 anos

Histórias de pessoas que morreram em batalhas, foram assassinadas de forma violenta ou viveram entre a realeza antiga recheiam o repertório de quem diz ter se reencontrado numa vida anterior. Mas será que tudo não passa da imaginação? A psicoterapeuta transpessoal Suely Moliterno, que trabalha há 17 anos com TVP, refuta a hipótese e afirma que o estado de consciência, necessário para a imaginação, é praticamente eliminado na regressão. “No estado alfa, a racionalidade participa pouco do processo. A pessoa não conseguiria inventar histórias numa narrativa tão lógica”, afirma. A psiquiatra Maria Teodora Ribeiro Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Terapia de Vidas Passadas (SBTVP), vai além e aposta na reencarnação. “Trata-se de fato da lembrança de uma vida passada. Estamos elaborando os protocolos científicos para validar o tratamento”, afirma.

Entre os casos apresentados pela SBTVP – que promoverá, entre os dias 22 e 24 de maio, o VI Congresso Internacional de Terapia de Vidas Passadas – está o relato de uma senhora que regrediu à vida anterior e descreveu sua história numa cidade do interior de Minas Gerais, mesmo sem nunca ter ido lá. Depois da terapia, ela foi até o local e teve acesso aos registros que comprovam a existência da pessoa que viu na regressão, além dos detalhes da sua vida pessoal. Situações semelhantes foram catalogadas no livro A física da alma, de Amit Goswami (Editora Aleph), que conta histórias de crianças em processo regressivo que, depois do tratamento, identificaram cidades, pessoas e objetos escondidos que viram durante a hipnose. O fenômeno, ainda estranho aos ocidentais, é amplamente difundido na cultura oriental. Um dos exemplos é o que ocorre durante a seleção do substituto do líder budista Dalai-Lama. O candidato deverá provar, ainda criança, que é o Buda reencarnado, recitando textos e localizando objetos sagrados, mesmo sem nenhuma informação – apenas através da regressão a uma vida anterior.

Desde o surgimento da psicanálise, o inconsciente passou a ser estudado pelo viés científico, o que permitiu que a técnica de regressão à vida intra-uterina fosse legitimada como método terapêutico. As vidas passadas, porém, permanecem confinadas ao campo místico. Mas, se a psicanálise aceita o inconsciente, a ciência deixou uma questão no ar: para onde vai a energia envolvida nestes processos mentais após a morte?

RAIVA E FALTA DE AR
Fiz terapia de vidas passadas quando me formei em psicologia, para entender o processo. Mas tive revelações sobre coisas que nem passavam pela minha cabeça. Entendi por que eu detestava duas pessoas da minha família e compreendi meu medo de lugares fechados. Descobri que estas pessoas mandaram me matar, mas eu não percebi que havia morrido. Cheguei a acompanhar o meu velório, mas sem saber que era meu. Eu sentia falta de ar em lugares fechados porque me sentia dentro de um caixão. Após a regressão, consegui aceitar a minha morte e deixei de ter raiva daquelas pessoas. Parece que eu tirei um colete de chumbo das minhas costas. Foi um alívio.
Cláudia Geminiani, 32 anos

“A consciência não morre, ela vai para um universo multidimensional em forma de elétrons”, disse à ISTOÉ Patrick Drouot, Ph.D. em física quântica, que já pesquisou mais de 30 mil pessoas em processo de regressão. Para ele, as crianças têm mais facilidade para entrar em contato com estas partículas cósmicas no processo regressivo porque estão menos presas à realidade material. “Não é possível voltar ao passado fora do estado de relaxamento porque a mente humana não comporta tanta informação”, explica. O Ph.D. em física nuclear Amit Goswami, pesquisador do Instituto de Ciências Teoréticas da Universidade de Oregon (EUA), compara a regressão às experiências de quase-morte. “É um encontro intenso com a consciência deslocada do corpo e seus diversos arquétipos através da telepatia. Para cada corpo físico há no universo um estado supramental de natureza quântica que lhe corresponde”, afirma. Segundo os físicos, esta ‘memória quântica’, armazenada em partículas no universo, é formada a partir da repetição de padrões de comportamento dos indivíduos em suas várias vidas. Em outras palavras, é o que alguns religiosos chamam de carma.

Nem todos os terapeutas da TVP julgam necessário validar a tese das vidas passadas, e focam o tratamento no discurso do paciente. “O que vale é o relato do inconsciente que revela questões desconhecidas pelo paciente as quais limitam a sua vida”, afirma Noeli Heredia, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa em Terapia Regressiva. “Independentemente de ser uma vida passada, o valor da técnica está em liberar as emoções negativas para modificar o padrão de comportamento do indivíduo e curar as suas dores”, concorda a psicoterapeuta Suely Moliterno.

Mesmo com relatos de sucesso no processo de cura de dores físicas ou de transtornos mentais, o Conselho Federal de Psicologia não reconhece a técnica. “Não há nada na ciência que comprove que o indivíduo tenha outras vidas e que possa voltar a elas”, afirma o presidente da instituição, Humberto Verona. Além disso, segundo ele, o interesse pelas supostas vidas passadas tem de vir do paciente, e jamais ser induzido pelo profissional. “Em 90% dos processos de pacientes contra a TVP, fica provada a tentativa do profissional de associar a terapia a alguma religião”, revela.

PÂNICO DE MULTIDÃO E LUGARES CHEIOS
Tinha pavor de lugares cheios. Multidões ou tumultos me deixavam transtornado. Desde criança, ficava incomodado até com as formações em fila para cantar o Hino nacional. Sempre que ia a algum lugar, ficava próximo à saída de emergência. Até que a fobia começou a me impedir de sair. Procurei a terapia de vidas passadas, apesar de não acreditar totalmente na técnica. Não sei se o que vi aconteceu mesmo ou se foi uma projeção do meu medo, mas na regressão me vi num lugar muito cheio e ouvi uma explosão muito forte. As pessoas corriam desesperadas, muito machucadas. Acordei suado, chorando e muito emocionado. Não posso negar que o resultado foi bom. Venci o medo. Lincoln
Kennedy da Silva, 40 anos

Até o poder de cura da TVP é questionável, segundo especialistas. “Existem dores físicas que são somatizadas por situações de stress e que podem desaparecer através de um processo hipnótico. Mas o problema é que elas sempre voltam, às vezes em outro local, caso não haja um acompanhamento por uma terapia tradicional”, afirma a psiquiatra Marli Piva, para quem dores musculares, crises de garganta e palpitações cardíacas são os efeitos mais comuns de stress emocional.

Não foi o que aconteceu com a carioca Ana Beatriz Berlinck, 47 anos. Vítima de fortes crises de coluna, ela procurou diversos ortopedistas e tomou todo tipo de remédio, mas nada aliviava suas dores. Sua última tentativa foi a Terapia de Vidas Passadas. Na regressão, ela descobriu que teria sido um soldado romano que morreu atingido por uma flecha no local cronicamente dolorido. Bastou se confrontar com a descoberta para se curar. “Me livrei de vez da dor, e sem remédios”, comemora.

DIFICULDADE DE MERGULHAR
Eu conseguia nadar, mas a idéia de mergulhar me apavorava. Perguntei aos meus pais se havia tido alguma experiência traumática na infância, mas eles disseram que nada havia ocorrido. Durante a regressão, descobri que morei num país parecido com a Holanda, abaixo do nível do mar. Um dique se rompeu e as ondas invadiram a minha casa. A água foi subindo pelas paredes e a porta travou. Fiquei preso, tentei salvar uma criança e morri afogado. Depois do tratamento, perdi o medo de mergulhar e entendi por que me preocupo tanto com meu irmão, que foi o filho que não consegui proteger na outra vida.
Paulo Minoru Minazaki Júnior, 33 anos

Na opinião do presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, a cura acontece devido à sensação de conforto pelo fato de o paciente se identificar com o terapeuta. “Elas apenas encontraram no psicólogo uma compatibilidade de crenças que facilitou o processo terapêutico”, afirma. A psiquiatra Marli Piva acrescenta: “A pessoa já se sente aliviada só de achar uma explicação para o seu problema”, diz ela.

Para Gildo Angelotti, diretor-executivo do Instituto de Neurociência e Comportamento, de São Paulo, as vivências relatadas pelos pacientes surgem de memórias inativas que registram imagens de filmes, sons, histórias de livros e tudo que é percebido pelo indivíduo ao longo da vida. “É como um sonho. Quando a pessoa está dormindo, os sentidos são pouco requisitados e sobra mais espaço para o resgate destes registros históricos. Mas a reunião destes elementos vem da mente do próprio indivíduo, não de outras vidas.” Na opinião dele, a TVP chega a ser arriscada aos pacientes psicóticos ou esquizofrênicos, que podem ter uma reação violenta a partir das revelações ou ficarem obcecados em encontrar nesta vida as pessoas do passado.

No estado de inconsciência proporcionado pela TVP, as pessoas choram, gritam, suam, riem, narram as histórias com riqueza de detalhes e, surpreendentemente, conseguem lembrar de tudo depois que voltam à consciência. Todo o processo é filmado ou gravado em áudio, e os psicólogos pouco interferem no processo. Mas nem todos os pacientes conseguem regredir logo nas primeiras consultas. “A terapia não é indicada aos excessivamente céticos ou incrédulos em relação à regressão e à reencarnação. Eles não conseguem se desligar do mundo externo e voltar às suas outras vidas”, diz Osvaldo Shimoda, especialista em terapia regressiva evolutiva.

Na opinião da terapeuta Noeli Heredia, o importante é o bem-estar do paciente e a técnica só é válida se o profissional ajudá-lo a se desprender do passado e quebrar os padrões de comportamento no seu dia-a-dia. “As pessoas devem entender que não são vítimas, mas protagonistas da sua própria história. O paciente deve se olhar de forma crítica e perceber que é o responsável pelo que acontece na sua vida”, afirma.

Agradecimento: Fórmula Academia (SP)
FONTE: "ISTOE"
http://www.istoe.com.br/reportagens/2114_REENCONTRANDO+O+PASSADO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

De volta ao passado


Estudos mostram que relatos feitos durante a terapia de vidas passadas não são pura elaboração. Mais um passo na busca da comprovação da existência de outras vidas

Chico Xavier se foi, mas sua obra ainda fará pensar estudiosos e cientistas. Toda a sua vida foi pontilhada por fenômenos que a ciência não consegue explicar. Há 30 anos, se tentou conhecer o que se passava em seu cérebro durante o transe. Procurava-se entender como textos que versavam sobre assuntos complexos poderiam sair da caneta de um homem simples, que mal cursara os primeiros anos de escola. Nada de anormal foi encontrado. A mediunidade, principalmente uma tão produtiva quanto a de Chico, ainda é uma incógnita. A reencarnação, outro pilar da crença espiritualista, também provoca os céticos de laboratório. Mas o assunto bate às portas da universidade, ora pela curiosidade dos fenômenos em si ora por seus efeitos. Na medicina e na psicologia, campos de estudos se mesclam. A terapia de vidas ou vivências passadas, em especial, exige essa atenção: pela regressão, os pacientes relatam situações que não têm ligação direta com sua vida atual.

Há dois anos, ISTOÉ divulgou o primeiro mapeamento de ondas cerebrais feito durante uma sessão de regressão (ISTOÉ 1594). O estudo do psicólogo Júlio Peres, do Instituto de Terapia Regressiva Vivencial Peres, de São Paulo, mostrava que a atividade cerebral é muito lenta, mesmo quando o paciente mostra reações como suor e taquicardia. Na época, Peres anunciou uma parceria de pesquisa com a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, para monitorar o fluxo sanguíneo e as estruturas cerebrais acionadas durante a regressão. Quatro mulheres e dois homens sadios, com idades entre 28 e 39 anos, se submeteram a uma tomografia com emissão de radiofármaco (método spect), realizada no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Depois, seus exames foram analisados pelo médico Andrew Newberg, especialista em estados modificados de consciência da universidade americana. Finalizados, os estudos revelaram que as áreas do cérebro mais requisitadas neste processo são as do lobo médio temporal e as do lobo pré-frontal esquerdo, que respondem pela memória e pela emoção. É mais um passo na busca de comprovação de que essas experiências não são fruto da imaginação. “Se o paciente estivesse criando uma história, o lobo frontal seria acionado e a carga emocional não seria tão intensa”, explica Peres.

Pane – O interesse dos centros acadêmicos pela questão se justifica. Emoções negativas alteram o equilíbrio psicológico, biológico e social das pessoas, causando ansiedade, isolamento, distorções de identidade, fobias e doenças psicossomáticas. E os relatos de pessoas que se submetem à regressão e revivem traumas não relacionados com sua vida atual chamam a atenção. O trauma pode ser entendido como um acontecimento que excede a capacidade de compreensão do indivíduo, com informações que o sistema nervoso central não é capaz de interpretar, sintetizar e assimilar. Como uma pane. Durante a lembrança desses traumas, é mínima a quantidade de sangue no lobo parietal — área do cérebro que fornece a sensação de tempo e espaço e o senso de orientação - e as conexões são quase nulas. Utilizando um método próprio de terapia, Peres observou que, depois da reorientação feita no tratamento, os pacientes são capazes de rememorar os traumas sem repetir a pane mental.

Apesar de estar presente nos consultórios brasileiros há três décadas, a terapia de vidas passadas só ganhou popularidade no início da década de 90, com os livros do psiquiatra americano Brian Weiss. Médico do Mount Sinai Medical Center de Miami, ele foi surpreendido pelos relatos reencarnatórios de uma paciente alheia às teorias espiritualistas. Desde então, produziu sete livros (Ed. Sextante) que venderam mais de um milhão de exemplares no Brasil. Os terapeutas de vidas passadas dizem que não importa se as lembranças são reais ou imaginárias, o que interessa é a cura. A maioria separa a técnica dos credos religiosos. Ser uma terapia breve – de no máximo um ano – também agrada aos pacientes. Dentre as várias técnicas utilizadas, as mais comuns são o relaxamento e a hipnose. E há casos em que a regressão não acontece. Por isso, um aviso: não dá para fazer TVP para saber se fez parte da corte de Napoleão ou se foi a Rainha de Sabá.

Disquete – Mas há também os terapeutas que não vêm nenhum problema na união da religião com a psicologia. A carioca Célia Resende, 50 anos, autora do livro Terapia de vidas passadas (Ed. Record) assume a sua crença na reencarnação e usa uma figura tecnológica para explicar a relação corpo e espírito. “Quando a pessoa perde o corpo físico, é como se o computador tivesse pifado. Só que existe um disquete, a alma, possível de ser usado em outro computador.” Uma das primeiras a adotar a TVP no Brasil, a psicóloga paulista Elaine Gubeissi de Lucca também assume suas convicções. “A idéia de que vivemos muitas vidas é milenar. E o atendimento no consultório não deixa dúvidas quanto a essa realidade”, diz. No recém-lançado As faces do invisível (Edit. Harbra), Elaine coloca mais lenha na fogueira ao abordar a influência de espíritos na vida dos pacientes. “Os que compartilharam os traumas também podem ficar presos a essas situações e muitas vezes, sem conseguir reencarnar, acompanham a vida dos pacientes”, explica ela.

Um dos entraves das pesquisas científicas neste campo é o fato de o paciente se ater às emoções, o que torna pouco comum a revelação de datas, títulos e nome de países. Há, no entanto, na literatura científica relatos espontâneos de vidas passadas. O pesquisador Ian Stevenson, da Universidade de Virginia (EUA), colheu e checou 2.600 histórias. O professor Hernani Guimarães, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, também reuniu oito casos no livro Reencarnação no Brasil (Ed. O Clarim/1986). No ano passado, relançou Renasceu por amor (Edit. Folha Espírita/1995), no qual conta a história de um padre que, ao morrer jovem, retorna como filho de sua amada. “Os relatos espontâneos são em geral feitos por crianças. Elas não têm elementos para criar uma ilusão e seus casos são mais fáceis de comprovar devido à proximidade histórica”, explica o professor.

Com registros científicos ou não, a teoria de várias vidas não convence a psicanalista Beatriz Kuhn, do Rio. “No inconsciente está arquivado tudo o que vivemos nos primórdios da humanidade. É algo distante que pode dar a sensação de vida passada. Só isso”, rechaça. Para ela, acreditar na imortalidade faz parte de um processo de negação. “A morte é uma idéia insuportável e passamos a vida tentando escapar dela. Uma saída é inventar que as pessoas não morrem”, pondera. Não é o que dizia Chico Xavier. Como vivia praticamente em dois planos, passou suavemente para o lado de lá.

Tertuliano Pinheiro, secretário de Ação social do Rio Grande do Norte
“Sou um homem de bem com a vida, casado e pai de quatro filhos, mas tinha fobia de escuro. Só dormia de luz acesa e comecei a sofrer de depressão. Católico, não acreditava em reencarnação, mas depois de me tratar com remédios e terapia convencional, procurei a regressão. O processo foi avassalador. Vi algumas vidas, duas mais marcantes. Em uma era um homem poderoso e, em outra, um mendigo. Acredito, porque ninguém me contou, eu vi tudo, senti cheiros, frio e todos os tipos de sentimento. O coração bate forte, você sua e sofre tudo de novo. Eu temia a noite passada em becos escuros. Minha única companhia era um cão. Me livrei desse sentimento e mudei minhas convicções religiosas”

Verena Egli Spera, dentista
“No ano passado, procurei essa terapia por causa de uma enxaqueca e uma dor no pescoço insuportáveis. Eu não saía sem remédio. Na regressão, me vi como um jovem rico que morreu numa cilada armada pela madrasta e pela mulher amada. Ele recebeu uma flechada no olho, no lado da dor. Revivi a decepção e a morte e com o redirecionamento dessas emoções deixei-as lá no passado. Fiquei livre da dor por cinco meses. Num dia, ela voltou intensa e fiz outra regressão. Vi a moça amada daquela vida. Ela estava num plano imaterial e se sentia presa àquela morte. Me pedia desculpas. Foi o único episódio de dor forte desde então”

FONTE: REVISTA "ISTO É"
http://www.istoe.com.br/reportagens/26515_DE+VOLTA+AO+PASSADO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Estudos científicos sobre hipnoterapia


Existem muitos estudos que confirmam a eficácia da hipnose em vários cenários, sendo a maioria deles de alta qualidade e bem projetados por cientistas da esfera médica.
Na realidade existe uma grande quantidade de pesquisas nesta área, percebendo-se que a hipnoterapia é eficaz na redução da dor em estudos onde bravos voluntários foram expostos a vários estímulos desagradáveis, tais como calor doloroso ou torniquetes nos braços. Demonstrou-se também que a hipnoterapia reduz dores agudas e crônicas associadas a várias enfermidades, promovendo bem estar, estando ligada também a redução de ansiedade depressiva e estresse.
1. Domangue (1985) realizou um estudo neurológico de controle hipnótico da dor. Domangue concluiu que a depressão estava negativamente relacionada aos níveis de serotonina e beta endorfina, sendo que após hipnoterapia observou-se que ambas foram clinicamente e estatisticamente diminuídas na depressão, ansiedade e dor, aumentando os níveis de substâncias do grupo da beta endorfina.
2. Barabasz e Barabasz (1989) estudaram uma amostra de vinte pacientes com síndromes de dor crônica variadas. Eles usaram uma técnica hipnótica conhecida como Terapia de Estimulação Ambiental Limitada (Restricted Environmental Stimulation Therapy – REST). Todos os pacientes foram inicialmente classificados como tendo baixa suscetibilidade hipnótica pela Escala de Suscetibilidade Hipnótica de Stanford (SHSS). Após exposição à técnica de treinamento, os indivíduos demonstraram aumentos significativos nos níveis de SHSS e redução de dor, quando comparados aos indivíduos do grupo de controle.
3. Gutfeld e Rao (1992) conduziram um estudo (Gutfeld, G. and Rao, L. (1992) – “Use of Hypnosis with Patients Suffering from Chronic Headaches, Seriously Resistant to Other Treatment,” Prevention, 44, 24-25.) com quarenta e dois pacientes que sofriam de dores de cabeça crônica. Estes pacientes, os quais não haviam respondido bem aos tratamentos convencionais, foram divididos em dois grupos.Um deles recebeu hipnoterapia para aliviar suas dores de cabeça diárias; o segundo permaneceu como grupo de controle. O grupo de hipnoterapia experimentou redução na freqüência e duração das dores de cabeça, cortando a intensidade em cerca de 30%.
4. Kuttner (1988) concluiu que uma estratégia hipnótica que enfatiza narrativas e imagens foi significativamente mais eficaz do que técnicas comportamentais ou a prática médica tradicional no alívio do sofrimento durante aspirações de medula óssea em crianças com leucemia.

FONTE: www.arabia.com
Tradução: www.sbhh.org.br

Hipnose e Anestesia em intervenções clínicas

A hipnose tem sido alvo de muitos e variados estudos, realçando a maioria destes estudos a mais valia da hipnose e a forma como ajudou os participantes em comparação com os tratamentos tradicionais.
Alguns destes estudos referem que a hipnose tem sido mais eficaz em termos de custo, quando comparado com outros métodos alternativos, (porém nem sempre os detalhes são discutidos nesses mesmos estudos).
A publicação Radiology, editou em 2002 um artigo sobre um estudo em que se focava a eficácia da hipnose em termos de custo/resultado, comparado com a anestesia, o estudo em causa foi realizado pela Harvard Medical School em 1999. A finalidade deste estudo foi comparar o custo dos produtos anestésicos usados durante tratamentos com pacientes de ambulatório com os mesmos custos usando também a hipnose.
No estudo em causa participaram 161 pacientes que se submeteram a intervenções vasculares e ou renais. Os participantes foram colocados aleatoriamente em dois grupos:
Um grupo composto por 79 participantes aos quais foi aplicada anestesia normal
Outro grupo composto por 82 participantes que foram submetidos a hipnose além do uso da anestesia análise de custos feita pelos pesquisadores foi desenvolvida tendo em conta as seguintes variáveis:
1) custo da hipnoterapia;
2) custo da sala durante a intervenção;
3) tempo gasto na observação do paciente após a intervenção;
4) custo das complicações devido à super-anestesia ou anestesia insuficiente.
Os resultados da análise de custos demonstraram que a anestesia com o uso da hipnose custa menos de 50% de uma anestesia normal. O valor médio praticado por anestesia/intervenção foi de 638 US$, tendo sido o custo da anestesia/hipnose de 300 dólares.
O estudo demonstrou também que:
1) o uso da hipnose/anestesia reduziu o tempo de permanência na sala durante a intervenção;
2) que ainda era viável e eficaz em termos de custos o uso da hipnose/anestesia, mesmo demorando
58,2 minutos mais do o que o tempo necessário para uma intervenção média;
3) outra razão de eficácia em termos de custo, o uso da hipnose/anestesia é o facto de a hipnose ter um custo menor do que a anestesia.
Outros estudos de custo/benefício foram realizados posteriormente, tendo em atenção o aumento do custo com a assistência médica.
É importante para os utentes saber da existência de outras alternativas atraentes em termos económicos.

Fonte:naturalnews.com
Tradução livre de PCOV
http://www.hypnoclinica.com/Noticias/Hipnoseanestesia.htm

Hipnose em Doentes Terminais


Especialistas defendem o uso da hipnose para doentes terminais: o tratamento fortalece o sistema imunológico.

Autoridades dos mais importantes hospitais dedicados ao tratamento do cancro no Reino Unido pediram ao Ministro da Ciência da Escócia que invista nas experiências que investigam os benefícios da hipnose para os pacientes com doenças terminais.

Dois dos principais hospitais que lidam com tratamentos paliativos, o Marie Curie Cancer Care e o Macmillan Cancer Relief, acreditam que o tratamento pode reduzir a dor, aliviar o stress e até mesmo fortalecer o sistema imunológico dos portadores de câncer.

Seis hipnoterapeutas começaram a trabalhar com pacientes no hospital de Hunters Hill, da rede Marie Curie, em Glasgow, Escócia, e os dirigentes da instituição afirmam que, sem excepção, o tratamento tem trazido benefícios aos pacientes. Eles usam técnicas como “fortalecimento do ego” e “visualização” onde, em estado de transe, pode ser dito ao paciente que imagine as suas células cancerosas a serem destruídas por células saudáveis.

Entretanto, alguns oncologistas afirmam que muitos dos seus colegas se recusam a sancionar o tratamento dado que este campo é mal compreendido e muito pouco pesquisado. Susan Munroe, directora de operações para a Escócia do Marie Curie Cancer Care, afirmou que “em 100% dos casos, os pacientes relataram benefícios da hipnose”.

Dame Gill Oliver, do Macmillan Cancer Relief, também pede que maiores verbas sejam destinadas à pesquisa. “A hipnose devolve aos pacientes controle sobre seus corpos e podem ajudar as pessoas a lidar com os efeitos colaterais da quimioterapia. Mais pesquisas sobre a hipnose são necessárias, bem como para outros tratamentos complementares”.

Num artigo publicado em Setembro do ano passado (Clinical Hypnosis in the Alleviation of Procedure-Related Pain in Pediatric Oncology Patients), Christina Liossi, psicóloga da Universidade de Gales, Swansea, demonstra como a hipnose pode ser eficaz na redução da dor relacionada com o cancro. No seu estudo, ela verificou que as crianças que foram acompanhadas com hipnose, afirmaram terem sentido menos dores relacionadas com o cancro. Indicou ainda ter havido uma evidência temporária de que a hipnose prolongou a vida dos pacientes, acrescentando: “Temos agora evidências suficientes para encorajar novos estudos”.

Fonte: SundayHerald.com

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Conceito de Hipnose


Segundo Milton M. Erickson:

"Suscetibilidade ampliada para a região das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento apropriado."

Segundo a American Psychological Association (1993):

"A hipnose é um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde, sugere que um cliente, paciente ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento."

Segundo os psicólogos Clystine Abram e Gil Gomes:

"A hipnose é um estado de concentração focalizada que permite acessar as estruturas cognitivas, os pensamentos e as crenças, identificando os sentimentos que estão relacionados a essa forma de processar os estímulos percebidos. Adequando o processamento das percepções e absorvendo o que é sugestionado."

Segundo o psicólogo e especialista em Hipnose, Odair J. Comin:

"A hipnose é um conjunto de fenômenos específicos e naturais da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos quanto psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou autoinduzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não".

Segundo Facioli (2006):

"A hipnose, em termos mais estritamente descritivos, é o procedimento de sugestões reiteradas e exaustivas, aplicadas geralmente com voz serena e monotônica em sujeitos que algumas vezes correspondem às mesmas, realizando-as, seja no plano psicológico ou comportamental. Estes sujeitos responsivos também costumam relatar alterações de percepção e consciência durante a indução hipnótica. E em alguns casos respondem de modo surpreendente ao que lhes é sugerido, o que pode incluir, por exemplo, anestesia, alucinações, comportamento bizarro e ataques convulsivos."