Focalização

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Hipnose no fantástico - Cirurgia sem Anestesia





"A sala de cirurgia está pronta. Sônia se prepara para retirar um tumor maligno do seio - sem anestesia.
Fantástico: Você tem alergia?
Sônia Fuzinatto: Sim, tenho alergia a muitas coisas, quase todas as coisas.
Fantástico: Anestesia?
Sônia Fuzinatto: Nem pensar.
Mas como fazer uma cirurgia para se livrar de um câncer sem anestesia?
"Eu sozinha fui descobrindo a fórmula", diz a aposentada Sônia Fuzinatto.
O caminho foi a hipnose.
Muita gente já viveu essas experiências: você está na condução, no ônibus, no carro ou no metrô e o pensamento começa a ir longe. Você nem percebe as pessoas, a confusão em volta. Quando chega ao destino nem se lembra do trajeto. Essa viagem mental é muito parecida com o transe hipnótico.
Foi para essa viagem que Sônia se preparou fazendo várias sessões de hipnose antes da operação. Na sala de cirurgia, o especialista, chamado de hipnólogo, prepara o transe.
Para entender melhor a hipnose fomos ao consultório ddo dentista e hipnólogo Mohamad Bazzi.
"Não existe um raio que sai dos meus olhos, alguma coisa que sai das minhas mãos que hipnotize alguém, existe técnica. Existe uma maneira que eu vou usar uma forma monótona, tranqüila, repetitiva de conversar com a pessoa e essa forma monótona vai criar um estado de consciência adequado a isso que estou querendo", explicou Bazzi.
Tudo começa com o relaxamento. Falando pausadamente, o hipnólogo procura ativar áreas do cérebro que ele pretende atingir, como as responsáveis pelo prazer, segurança e sensação de anestesia.
Como Sônia teria de passar por uma grande cirurgia, a hipnose tinha que ser muito mais profunda. Por isso ela ficou quase uma hora se preparando.
"Na minha cabeça, eu ia para um lugar maravilhoso, cheio de flores, sol levinho", contou Sônia.
A hipnose ganhou reforço da eletro acupuntura.
"Acupuntura tem algumas limitações em cirurgia. Normalmente a pele não tem liberação total da dor. Então, a hipnose ajudou muito nesse aspecto", explica o acupunturista Roberto Zanit.
O cirurgião de mama só aceitou participar depois de testar a hipnose num procedimento anterior: a biopsia por que Sônia passou.
"Ela suportou muito bem, então essa experiência inicial de fazer esse procedimento sem anestésico foi a base para a gente aceitar fazer um procedimento maior nessas mesmas condições", explica o mastologista Cláudio Kemp.
Sônia só recebeu uma dose muito pequena de um anestésico local testado antes.
"Ela estava um pouco mais desperta do que o necessário. Acabei aplicando uma anestesia local, mas metade do que usaria", diz Kemp.
"Tipo anestesia dentária, então não traz nenhuma conseqüência depois da cirurgia", diz Sônia.
As imagens impressionam. Enquanto os médicos cortam tecidos e mexem na musculatura, Sônia conversa com o hipnólogo e vai recebendo boas notícias.
Ainda em transe, e sem tomar nenhum analgésico, ela senta na mesa para terminar o curativo e pouco depois já está no quarto.
A chamada hipnose de palco gerou muito preconceito sobre a técnica que é antiga na medicina.
"A hipnose faz com que ela amplie a sua percepção, então ela não apaga. Ninguém pode pedir para ela fazer algo que não queira", esclarece Bazzi.
Sônia é uma paciente especial, pratica meditação há muito tempo e por isso respondeu bem. Medo ela teve, mas enfrentou e venceu.
"Para muita coisa sou medrosa, mas a minha confiança de que isso ia dar certo era tão grande que deu tudo certo", comemora."